segunda-feira, março 27, 2006

Depressão

Não é que tiveram o descaramento de me mandar o seguinte e-mail oferecendo a vaga de estágio que eu pedi a Deus durante toda a faculdade!?!?

E-MAIL:

Assunto: ESTAGIÁRIO-ADM OU COMUNICAÇÃO OU MKTURGENTEESTAGIÁRIO

Cursando Admnistração ou Comunicação ou Marketing ou Desenho Industrial
Previsão de formatura mínima para Jul/07
Inglês fluente
Disponibilidade para estagiar 8 horas diárias
Oportunidade para área de Marketing em Multinacional Francesa no Centro do Rio.
Bolsa auxilio R$ 1.100,00 + vale refeição, vale transporte e assistência médica (EU REZEI TANTO DURANTE A FACULDADE PRA ACHAR UM ALÁRIO DESSES)
Cadastre-se no site www.rhi.com.br na vaga Estagiário (código RJC 1881)
[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]

O problema é: EU JÁ TERMINEI A FACULDADE E NÃO POSSO SER ESTAGIÁRIO DE MERDA NENHUMA!Por que eu não tinha conhecimento desses estágios escandalosos enquanto eu estava da faculdade? Por que eu não posso ser uma cobra com asas??

quarta-feira, março 15, 2006

Frustração ou decepção numa enrolação divina

Rio de Janeiro é um estado que abriga enorme quantidade de trabalhadores informais e desempregados. Esses dois índices somados chegam a mais da metade de população. Entretanto, existe outra modalidade de vida nesse quadro: o freelancer. E, nessa categoria, estou enquadrado. Sim. Eu sou “freela”!
Alguns chamam de trabalho, como eu. Outros, mais conservadores, tendem a re-nomear essa categoria como desempregado. Tudo bem. Podem me chamar de desempregado. Já foi o tempo em que eu ficava imaginando uma vida cheia de glória por ser freelancer. Trabalhar na hora que eu quero. Aceitar, ou não, os trabalhos que eu quero. Desfrutar sozinho de todo o prestígio da finalização de revista ou filme. E, o melhor de tudo: gastar todo dinheiro, fruto de trabalho honesto (mas sem imposto).
Bom, eu já passei desse ponto. Já foi época de vislumbrar a fama e o poder do frelancer. Agora, meu nome é “desemprego” também. É sério... me rendi! E digo mais: contamina! Fiquem longe de gente desempregada. É um vírus mortal.
Como diria aquela velha música sobre desilusão: Amélia ficou viúva, Joana se apaixonou. Maria tentou a morte por causa do seu último trabalho freelancer. Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado. Quando eu penso no futuro, não esqueço meu passado.
Sim! Estou revoltado e vou lhes dizer o porquê. Depois de aturar uma guerra de egos inflados de um monte de gente burra; um esporro sem motivo de outro ego inchado e ferido e um bando de pessoas chatas infernizando os meus dias de trabalho, ainda tenho que me desgastar para conseguir receber o pagamento (de fevereiro). Poxa! Um trabalho de uma semana foi realizado em três exaustivas, por causa da incompetência de alheios em conseguir me dar o material completo (matéria revisada, título, fotos, legenda e crédito). Se não sabe fazer direito, não faz. Pior, não tira onde de que faz direito!
Enfim, os clientes enrolam daqui, puxam dali. Ô miséria! Nunca vi gente tão ruim de pagar. Mas é claro, aquela velha “máxima popular” não poderia estar errada: “gente rica só é rica, porque não paga quem deve pagar”.
Alguém se lembra de outra "máxima popular"?? DÊ A SUA DEIXA, POR FAVOR...MAS O TRABALHO É NÃO REMUNERADO E SEM CARTEIRA ASSINADA.

terça-feira, março 14, 2006

Dindinha

Um personagem espetacular da minha vida que não pode passar desapercebido faz parte da família. Seu nome é Eliana, minha madrinha de batismo. No século passado essa professora de português e literatura abrigou militantes da liberdade de expressão, fugitivos da repressão da ditadura; nunca foi ao cabeleireiro achando que era “coisa de madame”. Enfim, ela faz parte dessa gente maravilhosa que tem o apelido carinhoso de hiponga. Uma pessoa de voz e espírito calmos, trabalhadora e sempre de bem com a vida.
Hoje em dia, minha “dindinha” (apelido que não consigo deixar para trás) cansou da vida de penalidades financeiras e fez concurso público para ganhar melhor. Assim, as ideologias de vida foram extintas no trabalho, mas continuam firmes em casa (na linda decoração artesanal e criativa) e nas palavras que esse santo ser prolifera sabiamente.
Eis que em minha última visita ela comenta:
- A Branca (cachorra da casa) não é minha. Ela é da minha filha. Se fosse por mim, ela já teria cruzado. Sexo faz bem pro cachorro e pra qualquer um, né?! Meu marido até conseguiu um namoradinho pra ela. O nome dele era Vila Lobos. Pelo nome, eu já me simpatizei pelo animal de cara!
Dindinha fez uma pausa pensativa e uma cara de tristeza ao olhar para a carente Branca.
- Mas não adianta! A Minha filha não quer que a pobrezinha namore!
Tem como deixar de chamar uma pessoa iluminada dessa de “dindinha”? Não tem!