terça-feira, março 14, 2006

Dindinha

Um personagem espetacular da minha vida que não pode passar desapercebido faz parte da família. Seu nome é Eliana, minha madrinha de batismo. No século passado essa professora de português e literatura abrigou militantes da liberdade de expressão, fugitivos da repressão da ditadura; nunca foi ao cabeleireiro achando que era “coisa de madame”. Enfim, ela faz parte dessa gente maravilhosa que tem o apelido carinhoso de hiponga. Uma pessoa de voz e espírito calmos, trabalhadora e sempre de bem com a vida.
Hoje em dia, minha “dindinha” (apelido que não consigo deixar para trás) cansou da vida de penalidades financeiras e fez concurso público para ganhar melhor. Assim, as ideologias de vida foram extintas no trabalho, mas continuam firmes em casa (na linda decoração artesanal e criativa) e nas palavras que esse santo ser prolifera sabiamente.
Eis que em minha última visita ela comenta:
- A Branca (cachorra da casa) não é minha. Ela é da minha filha. Se fosse por mim, ela já teria cruzado. Sexo faz bem pro cachorro e pra qualquer um, né?! Meu marido até conseguiu um namoradinho pra ela. O nome dele era Vila Lobos. Pelo nome, eu já me simpatizei pelo animal de cara!
Dindinha fez uma pausa pensativa e uma cara de tristeza ao olhar para a carente Branca.
- Mas não adianta! A Minha filha não quer que a pobrezinha namore!
Tem como deixar de chamar uma pessoa iluminada dessa de “dindinha”? Não tem!

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